sexta-feira, outubro 29, 2004  

Do outro lado da vida
Este site acaba de passar por uma experiência transcendental. Deletei por acidente o ploc e todos os arquivos... Tudo pra casa do cacete. Fiquei desesperado, quase urinei sangue quando percebi a asneira que por pouco não priva meus netos da fantástica saga dos Peçanhovits em solo americano. Mas graças a uma espécie de xamã chamado Help desk — que está para a informática como Chico Xavier está para minha bisavó Joaquina — tudo acabou bem. Muito obrigado, senhor help! Acenderei uma vela para sigo hoje.

Voltando ao assunto
Como eu dizia, o passaralho foi violento. Felizmente eu não estava entre as oferendas, mas cinco pessoas dançaram na minha editoria. Um deles, o diretor de ilustração – que, coitado, já foi tarde. Pra começar, ganhava uma fortuna e era péssimo ilustrador. Pra piorar, é um mexicano-americano, espécie rejeitada nos dois países e com sotaque horrível nas duas línguas. Imagino a maldição que deve ser isso. Não ter sotaque definido é provavelmente uma das piores coisas que podem acontecer depois de ter sotaque de gaúcho.

Dos outros quatro, lamento por dois, sinto pena de um e o outro eu mal conheci. Mas, poxa vida, sem querer ser espírito de porco: não dava mais. Alguém tinha que ser demitido e, num rompante de loucura, acabaram escolhendo pessoas que não faziam nada. É claro que ficaram pra trás vários outros ociosos. Mas se demitissem todo mundo que não faz nada, quem é que ia fazer nada no dia seguinte?

Além disso, a sobrevivência de indolentes serve para dar conforto aos que efetivamente trabalham – dentre os quais modestamente me incluo. Pelas minhas contas, estou imune a pelo menos mais dois passaralhos. No mais, foi tudo como esperado. Na editoria das donas-de-casa, fizeram uma faxina digna dos Albinos. Diz a lenda que o número chegou a quarenta! O que significa que, de agora em diante, cada uma das senhoras que sobraram escreverá uma matéria por mês.

É igual, mas é diferente
Alguns amigos podem estar achando que o passaralho daqui é a tecla SAP do que acontece aí de cinco em cinco minutos. Pois bem: tem semelhanças, mas não é igual. Primeiro porque aqui a situação da economia não é desgraçada – e o governo não é do PT. Segundo: porque, por pior que esteja o jornal, sai todos os dias quase do tamanho do Globo de domingo, numa cidade com um quinto da população (aos domingos tem tanto anúncion que sai quase duas vezes do tamanho do Globo).

Entre as semelhanças: os culpados nunca perdem o emprego. De acordo com a diretoria, o principal motivo do passaralho é a diminuição na entrada de anunciantes por causa de 11 de setembro! Mas a verdade é que, pelo menos entre os bois e as vacas do Texas, o World Trade Center já faz tanto tempo que mais parece uma invenção do partido Democrata.

Outra razão apresentada é a diminuição da circulação do jornal – hoje vende-se 11% menos do que há um ano. E o principal motivo: houve um escândalo na divulgação dos números de circulação aqui, o que vai ser um prejuízo grande. Embora a diretoria não admita a relação entre uma coisa e outra, a verdade é que o passaralho só foi anunciado depois do escândalo. Foi uma ação da chefia pra mostrar serviço aos acionistas. O que nos apresenta a mais uma semelhança com o Brasil: quem tá embaixo é quem sempre se fode.

Nota final
Mas não me entendam errado: não quero fazer panfletagem. Sou alérgico a causas sindicais. A verdade é que esse problema não é meu e eu não passo de um latino dando palpipe na vida dos outros.

posted by Sergio | 1:37 AM
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