domingo, outubro 24, 2004  

O circo pegando fogo
Se tem um assunto no qual me sinto escolado, esse assunto é passaralho. Vi pelo menos um em cada emprego que tive. Fui vítima uma vez e perdi as contas de quantos testemunhei. Agora, para aumentar meu know-how sobre o tema, estou prestes a acompanhar meu primeiro passaralho americano.

Nós damos de dez a zero neles
Diferentemente do que acontece na selva, passaralho é coisa rara por aqui. E se compararmos os números, parece brincadeira. A empresa tem dez mil, vão demitir 250. Certa vez, quando eu trabalhava na Globo.com, a empresa tinha umas 500 pessoas. Assim, como quem aperta o botão da descarga, demitiram uns 300 num dia. Isso sim é passaralho.

Felizmente a vida me deixou cretinamente imune à histeria coletiva que acompanha esses momentos trágicos. Ainda no Brasil, sempre me impressionava a falta de dignidade que muitas pessoas demonstram diante do abate iminente. É um tal de resmungar pelos cantos que irrita. Mas aqui esse resmungar me parece ainda pior, ainda mais detestável e, com freqüência, mais patético.

Bando de inúteis
Cerca de trinta pessoas trabalham no mesmo departamento que eu. Uns cinco são bons profissionais, dez são mais ou menos, cinco são ruins e uns dez são absolutamente dispensáveis. A situação é bem diferente do Brasil, onde até quem é bom é demitido. Aqui, por pior que seja a foice, infelizmente não vai ser violenta o suficiente para limpar a empresa de tanto parasita.

Albinos
Uma vez eu e o Mario tivemos um sonho, quase uma visão: um dia um grupo de albinos vestindo terno branco e trazendo nas mãos tacos de beisebol virá limpar o mundo de tudo o que é impuro. Sim, albinos. Lindos como anjos, vão nos livrar da peste, nos vingar de todo parasita, a começar pelas redações de jornal. Há um sujeito que trabalha aqui comigo que tem dezenas, centenas de bonequinhos de personagens de filmes. Batman, Jason, Alien, Chucky, Scoobie Doo. Sobre sua mesa, amarrados no teto, duas naves de Star Wars e bonecos do Ken e da Barbie Rockstar. Infelizmente este medíocre não vai rodar no passaralho, porque a lista de incompetentes é grande demais e tem mais de dez na frente dele. Mas não seria mal vê-lo pedidndo ajuda para tirar os brinquedos do teto. Que os albinos comecem por ali a justificar a humanindade.

Caixas de papelão
Anunciaram a demissão em massa há um mês, mas não marcaram a data. Desde então, naturalmente, só se fala disso no cafezão (eles tomam cafezinho em copo grande). Inexplicavelmente, neste fim de semana umas caixas de papelão brotaram nos cantos do prédio. Que venha a foice.

posted by Sergio | 9:31 PM
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