domingo, novembro 21, 2004  

Amizade prostituta
Não sei o que houve nas últimas duas semanas, mas o tempo tem passado rápido demais. Quando me dou conta, já era — o dia acabou e eu não fiz nada. Ando desocupadíssimo, mas completamente sem tempo.

Enfim. Não é de hoje que estou querendo contar uma novidade: faz três semanas que estou indo a um psicólogo. Descobri que estou deprimido e resolvi me tratar. Hum. Vou dizer a verdade em poucas palavras: estou de saco cheio de estar longe do Brasil. Esse negócio de experiência internacional é muito legal e tal, mas por mim já tava bom de voltar. E eu juro que voltaria se o Brasil não fosse a decepção econômica que é e se o Rio não fosse um projeto de Bogotá. Pra piorar, só falta o Flamengo ser rebaixado.

Exílio econômico
A fase de experiência aqui acabou. Agora me considero um exilado econômico vivendo nos Estados Unidos. É mais difícil porque antes parecia que viver aqui era uma opção. Agora, me parece que eu não tenho outra escolha. E ter Dala como única saída deprime qualquer um.

Sou muito grato pela a hospitalidade texana. Mas morar em Dala é como se eu vivesse numa festa estranha. Não conheço ninguém que tenha alguma coisa em comum pra conversar. Tudo o que é importante pra eles não tem o menor valor pra mim. Se eu cago e ando pra futebol americano e basquete, eles, por sua vez, mal reconhecem a existência de vida fora do Texas. Nenhum assunto engrena, nunca tem discussão. E viver sem ter ninguém pra discordar é um castigo terrível.

Analista de Bagé
O fato é que eu descobri que precisava de alguém pra conversar. E minha única opção é pagar uma puta auditiva – pra mim, meu psicólogo é como um amigo que só sai pra tomar cerveja comigo se eu pagar a conta. Fazer o quê? Durante uma hora, uma vez por semana, vou lá, jogo meu lixo em cima do cara e saio. Ainda não resolveu nada, mas a Dani diz pra eu ter paciência. Estou tendo. Vamos ver...

posted by Sergio | 5:35 PM
archives
links